O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO DISCÍPULO MISSIONÁRIO (IV)

A comunhão
O discipulado não acontece sozinho, independente da participação de outras pessoas. O processo de formação do discípulo missionário acontece em vistas da comunhão fraterna, pois o amor de Deus se concretiza no amor ao próximo. O discípulo descobre que o amor ao Mestre está no amor ao irmão. Não há discipulado verdadeiro fora da comunidade, o discípulo é gerado na comunhão e para a comunhão fraterna.
O encontro pessoal com Jesus precisa ser alimentado, compartilhado, sustentado e vivido nas relações fraternas: família, trabalho, amigos, paróquia, comunidades e movimentos. O discípulo de hoje vive a busca pelo rosto do Mestre nessas relações; precisa encontrar Jesus amando essas pessoas que Ele mesmo providencia para o seu caminho. A vida nova em Jesus surge quando essas relações vão sendo temperadas com a alegria do encontro pessoal, dessa experiência transformadora que converteu o coração do discípulo.
As palavras e os apelos de Jesus vão sendo reconhecidos naquele perdão há muito tempo negligenciado, na visita ao familiar ou amigo abandonado, no pão partilhado, na alegria de conviver com quem se ama ou deseja amar. Os vínculos de fraternidade são os sinais de que o Mestre encontrou espaço no coração do discípulo, sua vida e suas palavras fizeram sentido e agora começam a se tornar realidade na vida daquele que teve a experiência e compartilha com outros. É o amor fraterno que caracteriza o discípulo do Mestre: "Amai-vos como eu vos amei! Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (Jo 13, 34-35). Esse amor tem um modelo, tem um "como" que qualifica de modo novo e extraordinário todas as capacidades e potencialidades do homem: "Deus me ama e eu posso amar como Ele me ama!". Isso é absolutamente novo para o discípulo: amar como Jesus.
O Mestre não coloca restrições nem condições nesse amor, não define quem é digno desse amor, Ele ama. Assim o discípulo se encontra no desafio de amar a todos, até mesmo os inimigos. Isso mesmo, Ele chama a amar os não amáveis, os desprezados, aqueles que promovem perseguição, calúnia, discórdia, que estão na escuridão do pecado. Jesus convida o seu discípulo a fazer o mesmo caminho que fez com ele, amá-lo quando estava no pecado, quando não era seu amigo, seu discípulo. Esse é o amor que gera comunhão!
Quando todas as relações começam a ser transformadas pelo amor, fica claro para todos, inclusive para os que não creem, que aquele que gera comunhão ao seu redor, aquele que ama de uma maneira nova é um discípulo do Mestre. Por onde andava Jesus com seus discípulos havia amor, o mesmo acontece com aquele que segue seus passos.
Autor: Ricardo Martins, fundador da Comunidade Nos Passos do Mestre