MDJ Lavras






















A MDJ - Missão Dehoniana Juvenil - nasceu da ação evangelizadora da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, que foi fundada na França em 1878 pelo Pe Leão Dehon, homem culto, inteligente, dinâmico, santo e sempre voltado aos problemas da juventude e dos mais pobres. Ao fundar a congregação, desejava que seus religiosos fossem presença viva no meio do povo.
A Missão Dehoniana Juvenil é um projeto missionário dos Padres Dehonianos que, desde 1990 no Brasil, busca levar os jovens a viverem melhor a missão assumida no batismo, através da prática evangelizadora e do serviço vivo ao Reino do Coração de Deus.
No exemplo de Maria, o jovem que adere ao projeto assume-se como discípulo de Jesus, vivendo a missão de levar a Palavra a toda sociedade. Segundo Pe. Dehon, devemos "ir ao povo" e ser presença entre os mais pobres e a juventude.
A MDJ acontece nas paróquias dehonianas do Brasil, sob responsabilidade da província BM. A missão acontece em quatro etapas:
a) Pré-Missão: além de acontecer na paróquia missionada como forma de organização e divulgação, também se realiza nos grupos de MDJ das paróquias dehonianas, através da formação dos missionários e outras atividades especiais;
b) Encontro Regional: normalmente no segundo semestre, acontece para reunir os grupos de MDJ para convivência, formação e espiritualidade;
c) Missão: é o período de 10 dias onde ocorrem as atividades na paróquia missionada.
d) Pós-Missão: é o tempo de avaliações e encontros dos grupos nas paróquias
Somos todos chamados à missão, devemos ser continuadores da Missão maior, a missão de Cristo.porque estamos em comunhão com o projeto de Pe. Dehon, somos missionários dehonianos. Porque somos jovens, que chamados por Deus queremos viver, participar da continuação da missão de Cristo. A MDJ, portanto, é um espaço para o jovem atuar e ser mais Igreja, não sendo uma pastoral, mas sim um movimento dentro da Igreja.
A MDJ é um trabalho de Igreja, eficaz, aberto às novas necessidades da Nova Evangelização, buscando aprofundar e viver melhor o nosso batismo, e acima de tudo, oferecer ao jovem um espaço privilegiado de se colocar a serviço do reino de Deus, a sua grande força Evangelizadora.
A Missão Dehoniana Juvenil é um serviço da Igreja que doando recebe; que anunciando e evangelizando, evangeliza-se; que despertando vocações, vive sua vocação ao serviço; que vivendo a espiritualidade dehoniana, anuncia o reino do Amor do Coração de Jesus. Com Maria, estrela da Evangelização, nosso "sim" e "rogai por nós" acontece, buscando a certeza, que na fé, pela missão, Deus está e caminha conosco. É uma resposta concreta aos apelos da Igreja que é preciso evangelizar e evangelizar com renovado ardor missionário e com novos métodos.
Nas paróquias dehonianas de origem dos missionários, estes jovens assumem missões semelhantes em diferentes comunidades, sejam essas rurais ou urbanas. São realizadas pequenas missões nos finais de semana, busca-se a formação de novos grupos missionários, faz-se visita aos doentes. Os missionários são engajados nas comunidades e ajudam a despertar para a problemática social, comunicando entusiasmo pela Igreja e por sua missão evangelizadora.
É preciso ter a paróquia como fonte de atuação, colaborando e se colocando a disposição para os trabalhos paroquiais. É preciso fazer conhecida a espiritualidade dehoniana, bem como seus símbolos e a vida de Pe. Dehon.
Por tentar viver as coisas do céu, o missionário transforma o ambiente visitado. O ser e o fazer não podem ocupar o mesmo espaço, por isso, em um grupo de missão, se não existir espiritualidade, ele não passará de uma turma agitada que por ali passou. O missionário dehoniano carrega algo a mais, o que o torna diferente dos demais, o torna único. Ele comunica verdades do céu no jeito dehoniano, que é o jeito de Jesus. Não basta o missionário rezar bonito, é preciso que se tenha conexão com o dia-a-dia.
Como diz o ditado: "as palavras comovem e os exemplos arrastam". O testemunho é fundamental quando se está em missão, pois em missão jamais se fala sozinho, o missionário é a voz de muitos. O missionário carrega uma história dehoniana que possui uma força para levar paz aos que, na missão, com esperança aguardam.
Pe. Dehon nos diz que é preciso IR AO POVO, e aproximar-se mais dos marginalizados pela sociedade e dos pobres. Todo missionário é chamado a anunciar e testemunhar o Senhor, pois é o mesmo Senhor que envia: "Recebereis a força do Espírito Santo e sereis minhas testemunhas, aqui até os confins da terra".
Para o grupo ir para a missão é necessário que ele se prepare na sua comunidade. É preciso que ele se reúna ao menos uma vez no mês para adoração, formação, oração e partilha. É preciso que o grupo missionário saiba responder aos apelos e necessidades pastorais de seu tempo com ousadia e criatividade.
No rodapé da capa do primeiro boletim da Missão Dehoniana Juvenil no Brasil (Agosto 1990) estava o slogan "Evangelização com jovens a partir dos pobres: um desafio". E realmente o era: um verdadeiro desafio que se estava iniciando no Brasil, mas que não tinha começado exatamente nessa época...
Na verdade, tudo começou bem antes de 1990... Havia, na Argentina, um projeto de missões populares realizadas por leigos em diversas regiões carentes do país. Esse projeto foi interrompido pela repressão do regime militar por volta do ano de 1976. Em 1979 essas missões populares foram retomadas, com algumas modificações. A partir daí, os padres Dehonianos também participavam das missões, que passaram a ter um enfoque um pouco mais vocacional e passaram a ser realizadas por jovens, tomando assim o caráter de Missões Juvenis.
Em 1983, no Chaco Argentina, o projeto das missões populares foi unido à Pastoral Juvenil Vocacional. Essa união tinha alguns objetivos:
> Formação, para os jovens, dentro de uma Pastoral Juvenil Missionária. Os jovens, além de doar um pouco de si mesmos pelos mais necessitados, teriam a oportunidade de fazer verdadeiramente uma experiência do "ser Igreja", de pôr em comum a sua própria fé e viver em uma atitude de comunhão evangélica.
- Intercâmbio comunitário em nível de Pastoral Juvenil e Missionária. Fazer a experiência de dar da sua própria pobreza, e partilhar o ser Igreja, membros do corpo de Cristo.
- Iluminação vocacional. Na Igreja, todos são chamados a uma missão: proclamar o Reino de Deus com Cristo e como Cristo, sendo servidores dos pobres.
- Adquirir uma espiritualidade evangelizadora.
A partir dessa união, o trabalho missionário passou a se tornar mais organizado. Os temas da missão seriam trabalhados por três anos consecutivos:
> 1º Ano: "A história da salvação e a Pessoa de Jesus Cristo"
- è 2º Ano: "Formação para os Sacramentos" e
- è 3º Ano: "Formação de Comunidades"
A missão ocorreria sempre em períodos de férias, normalmente no início de janeiro, com uma duração de quinze a vinte dias. Também foram definidos os critérios a se utilizar para a escolha da região a ser missionada:
Opção por regiões mais pobres
- Que aceite o plano de missão
- Que seja uma paróquia com estrutura para receber a Missão.
- Que aceite o trabalho realizado por jovens
- Que seja um momento de formação para a comunidade e o jovem missionário
O projeto missionário, para cada ano, seria dividido em três etapas:
- Pré Missão, um período preparatório tanto das comunidades a serem missionadas quanto dos jovens missionários.
- Missão, o período de missões, do anúncio, propriamente dito
- Pós Missão - para a região missionada, a pós-missão seria o momento de continuar o trabalho iniciado pelos jovens missionários, dando apoio à formação das lideranças. Um outro ponto bastante importante na pós-missão é a continuidade das pastorais e movimentos iniciados no período de missão, que certamente vão precisar de um acompanhamento nesse período para se firmar na comunidade. Para os jovens missionários, a pós-missão é o momento de retornar para as suas comunidades. Nesse retorno, o que se espera é que o jovem missionário possa partilhar a sua experiência vivida na missão e que possa dar continuidade ao seu trabalho missionário, buscando estar sempre mais atuante na comunidade segundo o carisma Dehoniano.
Este era o projeto que estava sendo desenvolvido pelos padres Dehonianos na Argentina a partir de 1983. O projeto lá teve uma ótima repercussão, pois além dos ótimos frutos colhidos no trabalho com os jovens missionários ao longo dos anos, também se mostrou como uma ótima opção de trabalho missionário, principalmente para os leigos. O projeto conseguia reunir muito bem o espírito missionário dentro do carisma Dehoniano com as pastorais vocacional e juvenil.
A partir de 1987 a província Brasil Meridional (que então compreendia os estados da região sul, sudeste e centro-oeste brasileiros) passou a enviar alguns religiosos e padres todos os anos para a Argentina para participarem das Missões Juvenis. Alguns dos membros da BM que participaram das Missões Juvenis na Argentina foram:
Pe. João Selhorst, Pe. Francisco Alves, Fr. Francisco Lawal, Fr. Aurélio, Fr. Irineu Victor, Pe. José Everaldo, Pe. Darci Hermes e Pe. Inineu Brish
O objetivo da participação de membros da BM nas missões juvenis da Argentina era conhecer o projeto e vislumbrar a viabilidade de aplicá-lo também aqui na BM. Procurava-se cada vez mais maneiras diferentes de pastoral da juventude e vocacional. O próprio Pe. Silvino Kunz, então provincial da BM, escrevia sobre isso no primeiro boletim da MDJ na BM (Agosto 1990):
"Há muitos anos fala-se entre nós sobre novas opções de pastoral de juventude e vocacional. Outras províncias e congregações promovem acampamentos juvenis e vocacionais, como método de formação e seleção. Na Argentina, nossos confrades têm uma bela experiência com as Missões Juvenis de Verão. Desde 1987 alguns confrades da BM têm participado dessas Missões na Argentina, a pedido em nome da BM. Queríamos conhecer mais de perto essa experiência e estudar a viabilidade de aplicá-la em nosso meio."
Aqueles que participaram do projeto das Missões Juvenis na Argentina estavam realmente entusiasmados com o que sentiram e participaram. Chegando à missão se deparavam muitas vezes com uma realidade de extrema pobreza. Os acampamentos em barracas de lona... dormindo no chão, amassando o próprio pão pra ter de comer no dia seguinte... tendo de buscar água em locais bem distantes... mas com uma espiritualidade muito forte, sentindo realmente a presença de Deus no meio deles e agindo naquele povo tão humilde e sofrido. Eles viam que realmente valia a pena.
Inflamados por esse entusiasmo, no início de julho de 1990 uma carta encarte é enviada para os membros da BM, explicando o projeto concreto das Missões Juvenis no Brasil. No início do encarte, o Pe. Irineu Victor falava sobre a recente criação da equipe: "Caríssimos confrades, constituímos uma equipe, encarregada pelo governo provincial de organizar o projeto Missões Juvenis na BM...". No encarte são detalhados vários tópicos, como a participação dos padres e religiosos no projeto das Missões Juvenis na Argentina, a escolha da paróquia a ser missionada (Mondaí - SC), a visita de alguns membros da equipe à paróquia escolhida, a realidade de Mondaí, os objetivos e o programa da missão, além de algumas questões de ordem prática e um pedido encarecido para que as paróquias motivassem os seus jovens a criarem grupos a fim de se preparar para as missões juvenis. Concluindo, o Pe. Irineu destacava ainda:
"...estamos conscientes da necessidade de trabalhar com os jovens, oferecendo-lhes opções de pastoral que seja profética e transformadora, e que os ajude a darem um pouco de si aos mais carentes. Esta é uma experiência na qual a província está apostando, na busca de novos caminhos para atender sempre melhor aos apelos de Cristo e do Fundador, que optou pela juventude e missões ao longo de sua vida e na história da congregação."
No final deste encarte surgia pela primeira vez nos documentos que encontramos o nome "Missão Dehoniana Juvenil". Até então só se falava em Missões Juvenis. O fato de se colocar o "Dehoniana" bem claramente no nome que passaria a dar segmento e ser adotado daí em diante para o projeto destacava o diferencial que este projeto deveria ter em especial frente a outros projetos de missões populares, existentes desde aquela época até os nossos dias: o carisma dehoniano.
Finalmente, em agosto de 1990 foi publicado e enviado para as paróquias dehonianas o primeiro boletim da MDJ. Logo no início a equipe apresentava os dois grandes objetivos dos boletins: ser um informativo para os grupos que se preparavam para as missões, não deixando escapar o aspecto formativo, através de temas que auxiliassem os grupos a conhecerem cada vez mais a respeito da espiritualidade dehoniana e missionária, e também temas relacionados ao tema da etapa da missão para a qual estavam se preparando. Os boletins seriam enviados mês a mês, com um conteúdo de formação continuado, sendo necessário um acompanhamento atento por parte dos grupos missionários, para que pudessem aproveitar ao máximo esta ferramenta para a sua preparação.
No primeiro boletim foi publicado o texto do Pe. Silvino Kunz, então superior provincial da BM, que podemos praticamente considerar como a "certidão de nascimento" da MDJ na BM. No texto, ele falava dos anseios por novas formas de pastoral da juventude e vocacional, das experiências feitas na Argentina e conclamava a todos os membros da província a abraçarem o projeto que estava sendo iniciado, acompanhando a preparação dos grupos de jovens missionários e participando das etapas que viriam das missões. Ao final do texto ele fazia o oferecimento do projeto "Ao Coração de Jesus e à Virgem Santíssima, mãe e modelo dos evangelizadores, recomendamos mais essa iniciativa."
Além disso, foram publicados ainda no primeiro boletim uns textos breves sobre Pe. Dehon, um texto formativo sobre Sagrada Escritura e suas subdivisões, uma dinâmica sobre GO (Grupo de Observação) e GV (Grupo de Verbalização) e finalizando, um texto sobre atitudes do missionário.
Na contracapa do boletim estavam os nomes dos membros da equipe de coordenação do projeto: Pe. João Selhorst, Pe. José Francisco Alves, Pe. Carlos Nicolodelli, Pe. Lotivio Antonio Finger, Pe. Aurélio Pereira, Pe. José Irineu Victor, Fr. Renato Cadore, Fr. Renato Kuhnen e Fr. Darci Augusto Hermes
O ponto forte das pré-missões em preparação para a primeira etapa da MDJ na BM foi a preparação dos jovens missionários. A intenção inicial era de que a primeira etapa fosse realizada somente por religiosos e padres, para se poder organizar melhor e dar os passos iniciais do projeto. Como o número de pessoas não foi suficiente, optou-se que cada paróquia Dehoniana enviasse um ou dois missionários leigos (homens) para Mondaí, a fim de que se pudesse realizar a primeira etapa unindo esforços de leigos, religiosos e padres. A decisão de realizar a primeira etapa apenas com homens foi tomada em virtude de que o principal objetivo no primeiro ano do projeto MDJ na província era mais divulgar mesmo o projeto nas paróquias da província e começar a formação e amadurecimento dos grupos, para que a partir da segunda etapa das missões o projeto já pudesse contar com um número bem maior de jovens participando. Na concepção do projeto já se pensava que a missão deveria ser mista, com um equilíbrio entre o número de homens e mulheres. Na primeira etapa, no entanto, ainda não havia esse equilíbrio (haviam poucos jovens envolvidos no início, e a grande maioria eram homens). A partir da segunda etapa e até hoje, a missão tornou-se mista.
Este e outros assuntos pertinentes à preparação da primeira etapa foram discutidos na reunião da equipe de coordenação da MDJ no final de setembro de 1990, em Curitiba. Várias sugestões foram dadas para melhoramentos no formato no boletim, que passou a levar na capa a cruz dehoniana, diferente do primeiro boletim que tinha uma outra cruz estilizada.
Depois de mais alguns meses de caminhada de preparação, finalmente em janeiro de 1990 foi realizada, com sucesso, a primeira etapa da MDJ em Mondaí. Um total de treze comunidades foram atingidas pelas missões, e um total aproximado de 620 famílias foram visitadas pelos missionários. Essas treze comunidades foram divididas em cinco setores, ficando cada grupo missionário em um desses setores. No total, cinqüenta e cinco missionários participaram dessa primeira etapa, sendo dezesseis missionários leigos, vinte e oito religiosos, nove padres e dois membros da província Argentina, um deles o Fr. Esteban Morinigo, hoje padre, que esteve conosco em 2003 ajudando na formação dos noviços em Jaraguá do Sul.
Em linhas gerais, a ata da reunião de avaliação da primeira etapa relata a experiência valorosa que foi tanto para o povo quanto para os missionários. A realidade encontrada no dia a dia de missão foi bem mais dura do que o esperado, diante da realidade bastante sofrida do povo... Igualmente inesperada foi a acolhida do povo que se sentia muito feliz de partilhar o pouco que tinha com os missionários, numa acolhida de verdadeiros cristãos sedentos de Deus. O projeto estava atingindo plenamente os seus objetivos, e ao fim da primeira etapa pode-se perceber que se estava trilhando o caminho certo, direcionando-se pelo carisma do "ir ao povo" do fundador.
"Me lembro muito bem desta bela experiência Missionária! O grupo em que atuei ainda era composto só por homens, devido não ter mais de uma sala para que fosse possível alojar as mulheres. Nosso banho era com a água que trasbordava da caixa d'agua atrás da escolinha ou no banheiro com visualização para a estrada e virse-versa, o famoso banho de cuia. Ao recordar tudo isso, me animo a ser cada dia mais missionário e amar sempre mais a Missão Dehoniana Juvenil." (Fr. Simão Pedro SCJ)
Em Lavras, a Missão Dehoniana Juvenil foi reecriada, a desejo do então pároco da Paróquia Santana, Padre Eligío, em 2009. Com apoio do padre Adriano (frater na época), a MDJ reuniu jovens de diversos movimentos e pastorais com um mesmo objetivo, levar a palavra de Deus a tantas pessoas que necessitam de seu amor.
Ao conhecer o projeto, aos poucos mais jovens foram aderindo ao chamado de Deus. A 3° Etapa de Missão em São Paulo (Santuário São Judas Tadeu - Jabaquara), contou pela primeira vez com a presença de 6 jovens de Lavras. Para que a missão num pudesse parar, Padre Elígio assume a responsabilidade e traz para Lavras a Missão Dehoniana, que se realizou por 3 anos na cidade de Lavras. Momento oportuno de crescimento e fortalecimento das comunidades e total envolvimento da juventude.
Anderson Felipe - membro da MDJ Lavras